GULLVEIG, A BRUXA WICCA

A mitologia nórdica só foi passada para o papel bem tardiamente, justamente depois do elemento masculino já ter dominado seus mitos, por isso temos a incerteza de encontrar exemplos claros das Deusas. Contudo, encontramos em Gullveig um exemplo da deusa tríplice de um estrato primevo do mito nórdico. Ela é descrita como uma mulher que vivia entre os Deuses, o gigantes e os homens, muito conhecida pelo nome de Heid (a que Brilha). Era a filha de Hrimnir, um gigante. Foi chamada também “Hljod” e “Hyrrokin”.

A Saga Voluspa fala da primeira guerra de todos os tempos. Essa guerra foi provocada por uma rivalidade entre as hierarquias dos Deuses dos Ases e dos Vanes. No início do conflito, Gullveig, presumível amiga dos Vanes, foi feita em pedaços por lanças e queimada até a morte no saguão de Odin. Foi queimada por três vezes e três vezes renasceu, sendo também chamada de Heider, uma bruxa de visão profética, muito poderosa em fetiçaria. Sugeriu-se que seu terceiro renascimento foi como Angerboda, esposa de Lock. Lock teve com Angerboda três seres terríveis da sorte e do destino. O primeiro deles foi Fenri Lobo, que terminaria por engolir o mundo na época de Ragnarok. O segundo foi a Serpente Midgar, que roía as raízes da Árvore da Vida. Por fim, vem, completando esse trindade de agentes espirituais vinculados com o destino dos mundos Hel, a Rainha das nove camadas do Mundo Inferior, chamado Nifelheim.

Gullveig é claramente uma Deusa poderosa, que sofreu em virtude de seus poderes xamânicos e mágicos. Ela conheceu o fim do mundo com todos os seus horrores.

AESIR (Deuses Superiores)

Era o principal grupo de deuses da mitologia nórdica. Os Ases estavam compostos por trinta e duas divindades. Seu chefe era Odin e outros deuses principais eram: Thor, Freyr, Heimdall, Vidar e Hodur. Odin é um ancião, barbudo, que se veste com um manto de várias cores, tem um anel de ouro em seu dedo, de onde a cada nove noites, nasce um novo anel e está armado com uma lança chamada Gungnir, fabricada pelos anões. Ele passou a ter um olho só depois de trocar o outro por um gole da fonte da sabedoria de Mimir.

Seu cavalo Sleipnir possui oito patas e troteia em terra, no ar e no oceano. Possui três esposas Jord (Terra de Origem), Friggi (Terra Habitada) e Rind (Terra Estéril). Odin também era chamado de Deus dos Corvos, já que em seus ombros descansavam os corvos Huginn e Munninn. Eles voavam pelo mundo vendo e escutando tudo o que se passava e em seguida regressavam para contar as novidades à Odin.

Todos os outros deuses eram filhos de Odin e habitavam a sagrada cidade de Asgard. Estes deuses pertenciam a uma raça mortal e eram conhecidos como ferozes e grandes guerreiros. Eles haviam nascido da mistura de elementos divinos e mortais e sua natureza era imperfeita e estavam destinados a morrer para obter a imortalidade.

VANIR (Sábios Deuses Inferiores)

Raças de deuses distintas dos Ases, que moravam em Vanaheim. Sua fortaleza foi destruída. Combateram com os Ases pelo domínio do mundo no princípio dos tempos. Os Vanes também eram deuses guerreiros, porém mais pacíficos, promotores da fertilidade, dos prazeres que se relacionam com a água, com a magia xamânica, com a paz, com o amor e a riqueza, com o comércio, etc. Também eram divindades dos campos e dos prados, dos bosques, da luz e da fecundidade da terra. Entre os Vanes se destacam os filhos de Freya.

A origem das desavenças entre os Ases e os Vanes e o sentido que se dá a esse acontecimento é o que orienta todo o intento de interpretação da mitologia germânica. O reino sobre o qual reinavam era muito rico em forças misteriosas e espantosas e tudo sempre permanecia em uma transforamção radical e incessante.

A maga, a “fazedora de ouro”, foi quem semeou o primeiro fermento da discórdia em um mundo que, rechaçados os céus do Leste, gozava de relativa tranqüilidade. Seus inimigos, não estavam às portas, e os deuses, como os humanos, podiam viver em paz e na abundância. Os deuses edificavam palácios, elevavam altares, trabalhavam os metais preciosos. Entretanto, os Ases, começaram a sentir demasiado interesse por Gullveig. Queriam apropriar-se das suas montanhas de ouro e fazer com que revelasse seus segredos, para tanto resolveram torturá-la. Depois a jogaram na fogueira. Mas Gullveig tinha poderes extraordinários e ressurgindo do fogo, renasceu. Os Ases voltaram a atirá-la na fogueira outras três vezes, mas ela voltava a sair das chamas tranqüilamente. Depois disso, os Ases começaram a chamá-la de Heid (a que Brilha). Heid se converteu em uma Deusa da magia maléfica (Heider), espalhando seus poderes maléficos por todo o universo.

Quando os Vanir souberam que os Ases haviam tomado parte na criação desta nova Deusa do Mal, se enfureceram e lhes declararam guerra. A guerra se prolongou por longo tempo sem haver vencedor. Quando os Ases conseguiram derrubar a muralha de Vanaheim, os Vanir destruíram a de Asgard com seus poderes mágicos, e quando viram que não poderia haver vencedor para esta guerra, decidiram firmar uma trégua e acordaram que os Vanir e os Ases viveriam em paz. Com este novo acordo ficou acertado que deveriam permutar seus reis. Os Ases enviaram Vili e Mimir, e os Vanir a Njord e seus filhos, Frey e Freya. Para firmar a paz definitivamente, todos os deuses esculpiram um caldeirão. Assim, como símbolo de concórdia, nasceu Kvasir, o mais sábio dos seres que viajou pelo mundo para ensinar aos homens a ciência e a poesia.

Gullveig era uma Völva (xamã) muito hábil que praticava o Seidhr (xamanismo). É improvável a especulação de que Gullveig seja um aspecto da Deusa Freya. Ela foi queimada três vezes, levantou-se das chamas e através desta iniciação xamânca transformou-se em Heider, Mestra da Magia. A transformação mítica de Gullveig resulta de um processo triplo de morte/renascimento.

Völva, Seidhkona, era o nome que se dava a uma mulher xamã na mitologia nórdica e entre os povos germânicos. Praticava o seid (xamanismo) e realizava encantamentos chamados galdra (magia).

A imagem de Gullveig que aparece para nós é de uma figura radiante que ressurge das chamas, rindo dos homens que pensam que seus poderes e sabedoria podem ser destruídos. Ela é símbolo e fonte de poder para todas as bruxas que ainda praticam a magia antiga. A mulher-sábia que pratica magia, são arquétipos da bruxa.

Heider é o nome que pode também ser usado como um termo genérico para chamar as mulheres que praticam a arte da magia. As imagens de uma mulher anciã que vive às margens da sociedade, são expressados melhor pela figura de Heider. As Deusas são antromórficas e podem se mascarar no corpo de animais ou pessoas de qualquer idade, dependendo da ocasião e do propósito que as trazem à luz de nossa consciência. Nas sagas, a maioria das mulheres que trabalham com magia são invariávelmente bem maduras. Podem ainda estar sexualmente ativas, entretanto, já estão com os filhos crescidos, dispondo assim, de mais tempo para se dedicar à arte.

por Patriciatarologasp

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